O fluxo de recursos estrangeiro para a bolsa brasileira inibiu a queda do Ibovespa na segunda-feira, 14. Nos EUA, S&P 500 e Dow Jones caíram em meio ao aumento da aversão ao risco com a situação entre Rússia e Ucrânia e após o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, reiterar defesa de alta de 1 pp nos juros americanos até julho.
A temperatura chegou a subir à tarde depois de um comentário irônico do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, sobre uma possível data para uma invasão russa.
A fala teve forte reação no mercado depetróleo, que voltou a disparar no pregão, indo para 95 dólares, no maior patamar em sete anos. A Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo.
“É do interesse de todos resolver a situação na Ucrânia de forma diplomática. Mesmo no caso de sanções draconianas aplicadas à Rússia, o maior perdedor seria o Ocidente. Teríamos alta expressiva nos preços do petróleo e commodities agrícolas, acompanhadas de forte recessão”, comenta Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, em publicação.
Nos EUA, as ações expostas ao setor de energia seguem em disparada no ano (XLE, +26,86%), mostra o estrategista Martin Tixier.
Além da alta do petróleo, o economista Julio Hegedus aponta alguns outros efeitos para os mercados de um possível conflito.
“Cerca de 30% do trigo, produzido globalmente, se encontra nesta região, assim como 20% do milho. São 60 milhões de toneladas de trigo e 30 milhões de toneladas de milho. Sendo assim, não apenas o petróleo, ou o gás natural, tendem a disparar diante da possibilidade de conflito, mas TAMBÉM estas commodities agrícolas. Para o Brasil, 98% dos fertilizantes usados na sua agricultura vêm da Rússia”, diz o economista em relatório.
Ibovespa
Enquanto isso, a bolsa brasileira continua a se beneficiar da busca de investidores globais por ativos de valor. Até o dia 10 de fevereiro, a entrada líquida de recursos externos atingia 9,8 bilhões de reais no mês, depois do ingresso de mais 32,5 bilhões de reais em janeiro.
Para ficar de olho
Na agenda da semana, os investidores seguirão atentos ao imbróglio OTAN, Rússia e Ucrânia. Nos EUA, sai a ata do Fomc e, no Brasil, o debate fica em torno da PEC dos combustíveis, avalia Hegedus. Balanços corporativos também agitam o noticiário. Na segunda após o pregão, o destaque ficou com os números do Banco do Brasil (BBAS3).
“Boomflation” e um potencial rali a partir de março, por Jay Pelosky
Em seu último relatório, Jay Pelosky aponta que vê um potencial rali nos mercados a partir de março, quando inicia a primavera no hemisfério Norte. Segundo ele, o movimento deve ser semelhante ao visto no ano passado, mas sem a onda Delta para derrubar as ações.
“Janeiro, março e abril são os melhores meses para ações de valor. E a mudança da Covid de pandemia para endemia não está nem perto da atenção que merece como um impulsionador para os mercados nos próximos meses”, comenta.
Ele destaca que a Europa, Japão, China e Brasil são negociados com grandes descontos em relação aos EUA. “O JPMorgan ressaltou que os lucros das empresas europeias surpreenderam no 4T21, com o LPA da União Europeia avançando 44%, contra 28% das empresas dos EUA. A liderança das ações de tecnologia e dos EUA acabou. É hora de investir em histórias de value de empresas fora dos EUA”.
Na publicação, Pelosky cita também uma reportagem da Bloomberg da semana passada que diz que o Fed deve escolher a “Boomflation” ao invés da recessão. A visão vai em linha com a tese do estrategista de que devemos ver uma inflação um pouco mais alta nos EUA, mas também forte crescimento pela frente. “Apostar em uma recessão liderada pelo Fed não parece uma decisão acertada”, comenta.
Pelosky falou também sobre suas perspectivas para o mercado na última live com Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.
Entre os destaques, ele menciona: expectativa de dados mais baixos de inflação nos próximos meses, potencial rali de primavera (no hemisfério Norte) à medida que Ômicron perde força e projeção de maior crescimento a partir de 2023, impulsionado por boom de produtividade e capex. Veja aqui o vídeo na íntegra.
Fórum de RI da Ohmresearch, em parceria com o IBRI
No dia 23 de fevereiro, a Ohmresearch lança oficialmente sua plataforma de Fórum de RI, em parceria com o IBRI.
A iniciativa pioneira tem como objetivo aumentar a disseminação das informações e cobertura das empresas listadas na bolsa, ao facilitar a comunicação entre as companhias e o mercado e proporcionar uma vertente mais humana e prática do trabalho do RI.
O Fórum será oficialmente apresentado ao mercado no dia 23 de fevereiro, com uma live que acontece às 18h. Participarão do evento Roberto Attuch, Jean Leroy, CFO da Ohmresearch, e Rodrigo Maia, diretor-presidente do IBRI. A transmissão será feita pelo canal do IBRI no Youtube. Link aqui.
1. Em meio à crise, petróleo segue em disparada e ouro volta a brilhar, por Martin Tixier
O estrategista global Martin Tixier traz uma apanhado dos mercados na última semana. Depois de CPI nos EUA acima do esperado em janeiro, ele diz que a inflação segue como fator de preocupação. “Não compramos a narrativa de recuo em 2022, pois os preços de energia ainda não cederam significativamente, pelo menos na Europa. O BCE está em apuros com a inflação e o aumento dos juros reais”.
Nos mercados, ele destaca a disparada do petróleo, que supera a casa dos 95 dólares o barril, máxima desde 2014, com o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia. No mês, as produtoras de petróleo saltam mais de 11%. “Continuamos gostando de players expostos a energia e urânio”, aponta.
No ano, as ações do setor de energia seguem liderando os ganhos (+26,86%) nas bolsas dos EUA, depois de mais uma alta de 2% na semana passada.
Tixier também vê como interessante bancos regionais, que têm se mostrado bastante defensivos, além de mineradoras de ouro, que “voltaram a brilhar”, diante do aumento da aversão ao risco nos mercados. “Pode valer a pena adicionar um pouco de ouro ao portfólio”.
Ele mantém leitura favorável também com as ações de tecnologia da China vs as americanas. Na última semana, enquanto o Nasdaq caiu 9,7%, as ações de tecnologia chinesas subiram quase 9%.
2. Dois BDRs para aproveitar a disparada do lítio, por Ricardo Fernandez
O especialista em América Latina Ricardo Fernandez atualizou seu call de lítio. Do fim do 3º trimestre para cá, os preços da commodity dispararam mais de 170%.
Segundo ele, caso o mercado comece a considerar o preço à vista em suas projeções, as ações da SQM e Albemarle podem ter um significativo potencial de valorização. Ambas possuem BDRs negociados na B3, sob os códigos S2CH34 e A1LB34, respectivamente.
3. Gautam Jain responde: o carry trade está guiando o retorno das moedas emergentes?
O estrategista global Gautam Jain publicou um estudo para avaliar se o carry trade está guiando o retorno das moedas emergentes.
Apesar de afetar a performance de algumas divisas, ele conclui que não é a razão principal para a valorização este ano.
Tipicamente, aponta que o carry trade está associado a períodos de baixa volatilidade e, atualmente, esse não é o cenário, com as fortes movimentações no mercado de juros americano.
Jain lista também como melhor trade relativo long em RUB e venda em PEN ou BRL. A expectativa de ganhos para esses pares é de 11% a 12% (não anualizados) em três meses.
Operação sugerida para o pregão desta terça-feira.
Recomendação de trade com juros, por Gautam Jain
Gautam Jain recomenda nesta segunda-feira um trade com juros do México (venda) vs África do Sul (compra). A expectativa é de ganhos de 7,5% em três meses.
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