Nossa projeção para o PIB de 2020 está com viés de alta, mas melhora das perspectivas para 2021 depende da superação de vários fatores de risco

As principais economias mundiais têm mostrado ritmo resiliente de recuperação. Os resultados recentes têm vindo melhor do que esperávamos para os EUA, com destaque para o consumo de bens e a atividade industrial.

Na China, assim como na maior parte da Ásia, a recuperação tem vindo em linha com nossa expectativa. Já na Europa, onde ondas secundárias do coronavírus têm sido mais agressivas, o cenário parece mais incerto. Apesar dos alvissareiros resultados econômicos recentes, mantemos perspectivas cautelosas para o quadro internacional em 2021. Um dos principais fatores de incerteza continua a ser o cenário político nos EUA.

No Brasil, a atividade vem surpreendendo: resultados recentes sugerem que o desempenho da economia no 3º trimestre foi melhor do que prevíamos, colocando nossa projeção de PIB para 2020 em viés de alta. Mas o quadro prospectivo doméstico também enfrenta vários desafios; e a ligeira piora na confiança privada observada na parcial de outubro é um indicativo incipiente de que esses desafios estão batendo à porta. A redução do auxílio emergencial e as restrições fiscais para reforçar programas de transferência de renda tendem a limitar o fôlego do consumo, também contido pela aceleração da inflação (sobretudo de alimentos).

Assim, embora estejamos revisando para cima a nossa projeção para o PIB de 2020, uma melhora das projeções para 2021 ainda dependeria da superação de riscos de curto prazo, no exterior e no Brasil.