Interrupção do ciclo de baixa dos juros

Neste Opinião MCM, discutiremos a próxima reunião do Copom, marcada para os dias 18 e 19 de junho. Antecipamos nossa conclusão: esperamos a interrupção do atual ciclo de baixa da taxa Selic, uma decisão que será apoiada por todos os diretores do Banco Central. Vamos analisar os principais condicionantes.

Externamente, a conjuntura não piorou, mas ainda apresenta desafios relevantes para a política monetária doméstica. Do lado positivo, os juros dos Treasury Bonds recuaram, alguns indicadores de inflação e do mercado de trabalho mostraram melhora (pessoal ocupado, estoque de vagas em aberto, entre outros). Além disso, os bancos centrais relevantes, como o BCE e o Banco do Canadá, iniciaram a flexibilização de suas políticas de juros. No entanto, o custo da hora trabalhada nos EUA continuou elevado em maio e a inflação de serviços permaneceu teimosamente alta, ainda distante do objetivo do FED. Em suma, o conjunto de indicadores reforça a manutenção da Fed Fund rate por um bom tempo.

Internamente, os fatores de preocupação para os membros do Copom persistem. A atividade econômica continuou sólida, com destaque para o consumo das famílias e a retomada dos investimentos, conforme apontado pelo PIB do primeiro trimestre. Os dados divulgados após a reunião do Copom em maio reforçaram esse quadro de uma economia forte. Em particular, o mercado de trabalho permaneceu apertado, evidenciado pelas baixas taxas de desemprego, crescimento robusto dos rendimentos dos trabalhadores e elevado volume de população ocupada. Esse cenário econômico robusto deve levar a uma nova revisão da estimativa do Banco Central para o hiato do produto, que provavelmente se estreitou em suas projeções.