Fundo do poço parece à vista, mas cenário de retomada segue incerto

As sondagens econômicas divulgadas nos últimos dias contribuíram para reafirmar a expectativa de que o pior momento da pandemia na maioria das economias mundiais foi ultrapassado na virada de abril para maio.

Essa percepção tem se refletido em melhora de humor nos mercados financeiros mundiais, moderação no grau de aversão global ao risco e descompressão cambial nas principais economias emergentes.

Apesar da recuperação dos mercados, ainda restam muitas incertezas acerca da intensidade da contração e, sobretudo, da velocidade de recuperação nas principais economias mundiais.

Essas incertezas estão, em boa medida, associadas à evolução da pandemia; mas também refletem um elevado grau de risco geopolítico – principalmente relacionado às eleições nos EUA e às relações entre EUA e China.

No Brasil, os mercados financeiros também têm atravessado um período de menor nervosismo; mas as expectativas econômicas continuam em deterioração, num contexto em que incertezas políticas anuviam o cenário.

Os riscos para a recuperação da economia brasileira continuam significativos. O pico da pandemia ainda não parece ter sido atingido, de modo que o relaxamento de restrições sanitárias será mais lento.

Ademais, a pandemia recrudesceu animosidades políticas e riscos fiscais; a agenda econômica pós-pandemia ainda é uma incógnita; e a chance de retomada de reformas estruturais parece bastante limitada.