Flexibilização monetária limita riscos de recaída recessiva (global e doméstica)

Nosso cenário base segue amparado nos seguintes pressupostos: (i) consolidação da desinflação global; (ii) flexibilização monetária nas economias centrais; e (iii) desaceleração apenas moderada da economia mundial. Como temos apontado, a perspectiva de que o ambiente internacional terá um “pouso suave” está, em grande medida, atrelada à expectativa de que o processo de desinflação global se consolidará em 2024. Alguns desenvolvimentos recentes vêm trazendo sinais auspiciosos. As pressões de custos têm permanecido contidas nas cadeias globais de produção, em parte pela normalização das condições de oferta na China.

Num cenário internacional de “pouso suave”, o câmbio doméstico permaneceria relativamente acomodado – apesar da redução do diferencial de juros doméstico-externo e da persistência de incertezas fiscais. Se ficar acomodado, o câmbio terá contribuição neutra para a inflação em 2024, o que facilitaria ao nosso Banco Central dar continuidade, sem interrupção, à redução gradativa do aperto da política monetária. Outro fator que aponta para essa perspectiva é o fato de que nas últimas semanas os principais indicadores de tendência inflacionária – como as medidas de núcleo e a inflação subjacente de serviços – passaram a correr em linha com o centro das metas de inflação.