Resumo do Relatório
A mulher de Cesar
A ata da reunião do Copom, a ser publicada na próxima semana, talvez explique de forma satisfatória as razões que levaram quatro membros do Comitê a concordar com a percepção de que houve uma generalizada piora das perspectivas para a inflação, como indica o comunicado emitido após a reunião desta semana, e ao mesmo tempo, votar a favor de um corte de 50 pontos base da Selic, mesmo tendo em vista: 1. a sinalização, dada pelo Presidente do Banco Central poucos dias antes da reunião, de que o forward guidance apresentado pelo Copom em março tinha perdido validade e 2. o fato de que o mercado tinha precificado um corte de 25 pp na reunião em maio, tanto por conta da piora do cenário como devido às palavras de Roberto Campos Neto.
No entanto, mesmo que tal proeza seja alcançada, será difícil apagar as incertezas criadas ou reforçadas pela inconsistência entre o tom do comunicado do Copom e a votação a respeito da Selic, pela expressiva divisão existente dentro do Comitê neste delicado momento — não é usual a combinação entre aumento da aversão global ao risco, piora do cenário fiscal local e aumento, mesmo modesto, da desancoragem das expectativas de inflação —, e pelo fato de os quatro membros que votaram a favor do corte de 50 pontos base da taxa Selic terem sido indicados pelo atual governo. Como diz o velho e sábio ditado popular, à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.
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